DESAFIOS E ESTRATÉGIAS NA SUCESSÃO DE EMPRESAS FAMILIARES BRASILEIRAS

28 de fevereiro de 2024

Um estudo da Fundação Dom Cabral revelou que 71% das médias empresas no Brasil são geridas por famílias. Destas, 46,9% estão na primeira geração, 43% caminham para a segunda, e 10,1% avançam para a terceira.

Empresas familiares, caracterizadas pela gestão e controle por membros de uma mesma família, enfrentam desafios únicos, especialmente na transição de liderança. A questão da sucessão emerge como um desafio crítico, frequentemente exacerbado pela falta de preparo dos sucessores. Muitas vezes, estes herdeiros não possuem o treinamento, o conhecimento, ou as habilidades necessárias para liderar efetivamente, afetando o desempenho e o crescimento futuro da empresa.

Esta falta de preparo não se limita apenas aos indivíduos, mas estende-se à própria organização. A ausência de um planejamento estratégico para a sucessão, abrangendo aspectos como planejamento tributário, proteção patrimonial, acordos familiares, testamentos e estratégias sucessórias, pode levar a custos financeiros elevados e riscos desnecessários. Surpreendentemente, a pesquisa revelou que quase 90% das empresas não estão preparadas para enfrentar a transição para a terceira geração, sinalizando que a falta de planejamento adequado pode resultar na descontinuidade dos negócios.

Além das questões empresariais, é importante considerar a proteção patrimonial da família. O Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), com suas alíquotas variáveis conforme o grau de parentesco e o valor do patrimônio, representa um desafio financeiro significativo. No estado de Santa Catarina, por exemplo, a alíquota pode variar de 1% a 8%, dependendo do parentesco e do valor do patrimônio, o que ressalta a necessidade de um planejamento cuidadoso para minimizar os impactos fiscais na transição de bens.

A integração da sucessão empresarial na preparação do sucessor é imperativa. O herdeiro destinado a assumir a liderança deve ser adequadamente capacitado para enfrentar os desafios futuros, desenvolvendo habilidades cruciais para a sustentabilidade e crescimento da empresa.

Existem várias estratégias legais que podem ser empregadas para garantir a proteção efetiva tanto da empresa quanto do patrimônio familiar, promovendo uma transição suave e segura. Essas estratégias não apenas asseguram a continuidade dos negócios, mas também preparam o sucessor para assumir seu papel com competência.

A pesquisa da Fundação Dom Cabral não apenas fornece um panorama quantitativo da sucessão empresarial no Brasil, mas também destaca a importância crítica do planejamento sucessório. Em um contexto brasileiro marcado por empresas familiares, a preparação cuidadosa para a sucessão emerge não apenas como uma necessidade empresarial, mas como uma questão de sobrevivência e prosperidade no longo prazo.